quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Qual a melhor forma de se divulgar ciência em museu?

Nos últimos posts, tenho tentado discutir alguns aspectos dos museus de ciência. Geralmente tento colocar minha opinião, porém meu maior motivação é ler as opiniões das outras pessoas sobre as questões que eu julgo importantes, para tentar agregar novos valores a minha opinião inicial.

Nesse post planejo iniciar mais uma discussão sobre um assunto polêmico. Eu tenho defendido o museu como um espaço de divulgação de ciência mais formal do que o atual. Onde as pessoas possam ver a ciência como uma construção humana tornando possível aprender que a ciência é um trabalho, que tem suas peculiaridades como outros trabalhos. Isso na minha opinião é divulgar ciência.

Como já foi colocado anteriormente por diversas pessoas que trabalham na área, existem inúmeras dificuldades para se fazer esse trabalho. O que está cada vez mais claro é que as pessoas gostam da ciência, se elas não tiverem compromisso com a mesma, se elas de alguma forma forem cobradas para aprender, boa parte simplesmente vira as costas.

Os museus recebem um grande público justamente em virtude desse fato. Dentro do museu não há cobrança. A pessoa vai lá e observa. Se quiser interagir, interage. Mas se não quiser interagir, também não há problema algum. Ao final da exposição ela pode ir embora e o que se passou naquelas horas simplesmente foi passatempo ou curiosidade.

Eu gostaria de perguntar se alguém sabe me explicar o motivo disso, pois eu sinceramente não tenho resposta para esse fato.

O museu é como eu já citei em um post anterior, apenas um parque de diversões para boa parte das pessoas que o visitam. Para tentar mudar isso, conseguimos apenas levantar hipóteses levantadas que almejam alterar a visão dos alunos. Mas para os visitantes aleatórios, o museu continuaria sendo um espaço para diversão.

Será que a função do museu é apenas a de divulgar uma ciência divertida? Por mais que alguns monitores trabalhem contra isso, é inegável que a impressão da população é essa. Eu nunca vi pessoas fora da área das ciências visitarem um espaço desses buscando o aprendizado.

Mas se for uma visita na qual os monitores mostrem história e filosofia da ciência e matemática, será que o visitante comum(leigo) iria gostar? Será que uma pessoa que teve pouco ou quase nenhum contato com o assunto gostaria de saber da disputa pela patente do cálculo entre Leibniz e Newton? Ou da dualidade da luz entre onda e partícula? O que isso de fato acrescentaria na vida dessas pessoas?

Eu acho que isso seria mais profundo, mas acredito que seria uma curiosidade assim como o fato de colocar as mãos sobre uma esfera de metal, e seu cabelo subir após esse fato.

Por isso eu deixo a pergunta, qual a melhor forma de se divulgar ciência em museu?

PARTICIPEM!

3 comentários:

  1. Nossa! Eu fiquei impressionada com o conteúdo desse blog. Há mais ou menos dois anos, quando eu comecei a pesquisar sobre a educação em museus, eu não tinha muito com quem conversar, a não ser colocando a minha prática como monitora para "falar" com os referenciais teóricos da área... E mesmo esses, eles não sabem todas as respostas para as perguntas que nós fazemos. Ainda hoje, eu tenho essas mesmas dúvidas, e foi muito legal ver este espaço de discussão!
    O que eu tenho visto, ultimamente, é que existe uma tendência forte no sentido de escolarizar os museus. Não é bem por aí o caminho. Desde seus primórdios, ficou evidente existir nessas instituições um caráter educativo, que é diferente do escolar. Talvez, os conteúdos científicos se aproximem. Mas, o discurso, a mediação e a interação não são iguais na escola e no museu! Ainda bem!
    Eu não gosto de pensar em visitas escolares com roteiros bem delimitados e que cobram um relatório da visita. Estamos querendo avaliar o aprendizado no espaço não formal utilizando métodos formais de avaliação. Isso vai dar certo?
    Falando agora de qualquer visitante, o público espontâneo, a grande vantagem do museu é essa liberdade de escolha do visitante. É claro que os monitores e o próprio local devem estar preparados caso o visitante decida se envolver mais conceitualmente com aquele tema! Mas, repito, a opção é do visitante!
    O que acho bastante interessante é que os museus podem contribuir para o que se chamam de "aprendizagem ao longo da vida", colaborando não só com o aprendizado de conteúdos, mas no que diz respeito à valores, atitudes e emoções.
    Eu sou uma das que vai contra ao formalismo no museu.

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  2. Olá tassi, então eu concordo com o seu comentário sobre aprendizagem ao longo da vida. Mas um espaço de divulgação de ciências, não deveria divulgá-la?
    Ao fazê-lo, ele não deveria ser fiel ao que é a ciência?
    No sentido da construção humana, da história das pessoas, dos aspectos filosóficos ligados a formulação do conceito.
    Eu acho que por mais complicada que seja, esses aspectos representam a ciência de fato, não os colocando não estamos negligenciando a ciência?
    E o principal, é importante divulgar ciência?

    só para constar eu acho importante divulgar ciência e acho importante mostrar a maior quantidade possível de aspectos da mesma.

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  3. A questão, então, é de que ciência nós estamos falando? Sim, porque, se pensarmos na escola, por exemplo, a ciência que é ensinada lá, não é a mesma ciência produzida pelos cientistas. Também é necessário abrir mão do rigor e de algumas passagens, para que ela se torne ensinável, não acha?
    Sem dúvida, é muito importante mostrar a ciência como construção humana e seus aspectos históricos. Mas, na verdade, são escolhas também. Mais uma vez, se pensar na escola, perceberá que são escolhidos apenas alguns personagens do desenvolvimento científico.
    Eu acho que o importante é fundamentar essas escolhas, seja na escola, seja no museu, para que a justificativa seja adequada ao contexto em que o discurso científico está sendo construído.
    De repente, os museus podem abordar uma parte desses aspectos, as escolas outra, os documentários outra... e por aí vai. A gente não tem que aprender (e sabe-se que nem é assim que se aprende) tudo, e nem tem que aprender tudo de uma única vez, não é?

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