quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Como as escolas podem utilizar os museus de ciências para o aprendizado?

No poste anteiror, o objetivo foi a discussão sobre a formalização matemática ser excencial para a comunicação de um determinado fenômeno dentro de uma situação de aprendizagem em um espaço informal. Houve uma diversidade de opiniões, porém boa parte dos pontos de vista colocados ficaram restritos a pessoas que estudam Física. Mas um ponto de vista que foi colocado em quase todas as opiniões redigidas, foi a importância do monitor dentro desse espaço.
O objetivo desse novo poste é uma discussão sobre o papel do professor na sala de aula, e como ele pode utilizar um museu de ciências. O papel do monitor, quando recebe turmas de colégio.
Primeiramente eu acho necessário que haja uma distância menor entre os museus de ciência e as escolas. Claramente são dois mundos completamente distintos, em praticamente tudo.
Dentro da sala de aula geralmente o aluno é reprimido por perguntar e algumas vezes é hostilizado por ter uma idéia prévia diferente do que o professor espera em uma discussão sobre um determinado assunto. O professor muitas vezes está preocupado em terminar o capítulo do livro, terminar o módulo da apostila, ignorando se os alunos compreenderam os conceitos expostos. Alguns professores gostam de ser centro todo o saber dentro do processo de ensino-aprendizagem, ignorando a parte da aprendizagem e apenas ensinando.
Dentro de um museu geralmente os alunos tem maior liberdade para perguntar e debater um determinado assunto em questão. Os monitores geralmente estimulam as idéias prévias dos alunos, e tentam construir a partir delas os conceitos expostos, porém sempre buscando uma informalidade, que eu julgo perigosa. Porém o museu de ciências tem uma organização própria, grupos de alunos em determinados experimentos, secções de explicação de um determinado fenômeno, ou seja, tem um forte lado expositivo.
A pergunta que fica é se não existe um modo de integrar essas duas maneiras distintas de ver as ciências(em particular a física), enfatizando a evolução histórica de um conceito e o formalismo matemático que ele necessita para ser melhor compreendido.
Muitas escolas quando levam seus alunos para os museus de ciência, levam como se fossem levá-los para um parque de diversões. Na minha opinião a visita não precisa ser pragmática e metódica, mas a visita precisa acrescentar algo na vida do aluno. Após uma visita a um museu, o aluno tem que refletir sobre as coisas que ele observou naquele espaço.
Professores e monitores podem trabalhar em parceira, assim como os museus de ciências e as escolas. O aluno quando visita um museu, não deve ir lá e observar o museu inteiro em um só dia. O museu tem que ser utilizado para incursões periódicas sempre que necessário. O monitor também precisa estar ciente, que a explicação pode ser divertida, porém tem que haver um formalismo, pois a ciência evoluiu dessa forma. Se houver uma parceria com o professor, ele ficará sabendo o que foi dado em aula. Assim haverá possibilidade do monitor buscar uma abordagem não tão pragmática quanto a utilizada dentro de uma sala de aula. Dessa forma o aluno poderá ter duas visões de um mesmo assunto. Uma um pouco mais pragmática, outra um pouco mais descontraída.

O que vocês acham?


Participem!

8 comentários:

  1. Como a maioria já sabe, já fui monitora de museu. Foi uma experiência maravilhosa, que me fez mudar muito como educadora.

    Esse diálogo entre museu e escola é realmente muito importante. Pra mim ele deveria acontecer de uma dessas três formas:

    - A primeira opção, que acho ser a mais adequada seria: Ao agendar a visita para sua turma, o professor deveria visitar o museu antes. Dessa forma, ele pode tomar conhecimento de todo o acervo, pode pesquisar sobre os assuntos que serão tratados e, assim, trabalhar esses assuntos com antecedência dentro da sala de aula. Assim, os alunos poderão concretizar o que foi estudado e o diálogo com o monitor será mais produtivo (eles provavelmente terão mais dúvidas e comentários a fazer);

    - A segunda opção, análoga à primeira: Ao chegar no museu, o professor deve conversar com o monitor para lhe dizer o que os alunos estão estudando em sala de aula. Dessa forma o monitor sabe o que deve apresentar e sobre quais assuntos pode dialogar melhor com os alunos (aqui eles também poderão ter dúvidas e mais comentários a fazer);

    - A última opção, que acredito ser a menos indicada: O professor agenda a visita sem conhecer o museu e também não conversa com o monitor sobre os assuntos que estão sendo trabalhados em sala de aula. Durante a visita, os alunos podem identificar alguns conceitos vistos em sala, e outros não. O professor deve se comprometer, depois da visita, a tratar dos assuntos que os alunos não conheciam e lembrá-los do que viram no museu.

    Existe ainda uma quarta possibilidade que infelizmente é a que mais acontece. O professor agenda, visita e não toca mais no assunto. É muito triste, mas os alunos, influenciados pelos professores, chegam ao museu achando que estão indo a um parque de diversões (como já citado pelo Guilherme no post). Não há problema em se divertir no museu (aliás seria ótimo se todos o fizessem). O problema consiste na falta de comprometimento em deixar-se abrir para aprender. As crianças só querem mexer nos equipamentos e ver o que acontece sem, muitas vezes, querer entender o motivo daquilo ter acontecido. Acho que isso vem da nossa cultura. Como já discutimos antes, acredito que não sabemos visitar museus. Não é um hábito de nossa cultura.
    Já monitorei alguns grupos e famílias estrangeiras no museu, e o comportamento é diferente em alguns casos. O interesse é outro.
    Precisamos mudar esses valores dentro da escola.

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  2. A respeito do formalismo matemático, acho que ele entra mais facilmente em jogo quando os alunos já transformaram seus conhecimentos prévios na escola. É possível trabalhá-los também quando os alunos sequer ouviram falar sobre o assunto. No entanto, é mais difícil.
    Outro problema é o tempo que os grupos visitantes se dispõem a ficar na seção. Muiats vezes o próprio museu limita esse tempo. No meu caso, o museu limitava em 40 minutos por seção. Ou seja: tínhamos apenas esse tempo para apresentar os experimentos. Eu preferia trabalhar com poucos experimentos me preocupando com a profundidade ao invés de trabalhar com todos buscando variedade.
    Mesmo porque, como o Guilherme também já disse, é preciso que os alunos voltem e queiram voltar ao museu para explorar mais.
    Lembro-me de um menino de uns 7 anos que costumava visitar o museu nos finais de semana. Ele sempre estava lá perguntando sobre os experimentos para os monitores. As perguntas nunca acabavam. Acho que um dos meus propósitos como monitora era fazer com que as pessoas se interessassem como ele. Não tem preço ver no rosto de uma criança a alegria e satisfação de ter entendido algum fenômeno explicado por você!

    A respeito dos professores, sinto em dizer que na metade dos casos, nossa relação não era lá muito boa. Quando eu assumia o grupo, o professor assumia o papel de aluno. Ele via que nós assumíamos o papel de educador e esquecia que esse também era seu papel. Ele não gostava de ser chamado para participar das apresentações e muitas se distanciava do grupo para 'fuçar' em outro equipamento. Muitas vezes esses professores não sabiam explicar a física nos experimentos e tinham medo de demonstrar isso. Há falta de preparo, e por isso continuo votando naquela primeira opção como a ideal.
    Outros professores eram mais participativos e ajudavam mais no 'controle' das ferinhas. O diálogo era muito melhor.
    Alguns poucos professores, aqueles que pesquisam e estudam mais tentavam ficar nos testando na frente dos alunos! Eu tinha muito medo, mas no final das contas acabava sendo engraçado...

    Ser monitor é muito desgantante - exige tempo, paciência e muita dedicação e estudo - mas também é muito prazeroso - principalmente quando você vê aqueles rostinhos inocentes se alegrarem!! Tudo de bom!!

    Acho que já escrevi muito...
    O que acham?

    abs

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  3. Acho que a opção 1 da Rafaela é certamente a única que pode transformar a visita em um trabalho coletivo museu-escola, se agregarmos a esta proposta a elaboração, em conjunto pelo monitor (que conhece a exposição) e o professor (que conhece os alunos), de um pequeno roteiro para a visitação, com perguntas para que os alunos explorem melhor a exposição e a conversa com o monitor.

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  4. Eu também já fui monitor da Estação Ciência por quase dois anos, e vou descrever como era o sistema de recepção dos grupos com relação à monitoria.
    Existe um programa chamado encontro pedagógico, onde os professores realizam uma visita prévia para conhecer a Estação Ciência e a partir desse conhecimento elaborar os roteiros (áreas que o grupo ira visitar).Porém, contudo, todavia, durante toda a minha estada na E.C, NUNCA um professor chegou ate a mim e disse que comentasse sobre certo assunto, fazendo um link com os conteúdos vistos em sala.
    Um dos motivos que podem explicar tal fenômeno poder ser o fato que os professores encaram os museus de ciência como circuito de entretenimento para os alunos, visando apenas os aspectos lúdicos que alguns experimentos de física podem oferecer, como o famoso aparelho que levanta o cabelo.
    O ideal seria uma parceria efetiva entre os professores e os monitores no seguinte sentido: o professor faria um planejamento prévio sobre certos conteúdos que os monitores poderiam trabalhar para complementar ou expandir baseado em suas aulas. Sendo assim além da parte lúdico dos experimentos os conhecimentos apreendidos em sala poderiam ser melhor aprofundados tanto conceitualmente quanto até matemática pelos monitores e professores.Por que acreditem ate durante a apresentação os professores não falam e nem acrescentam nada na fala do monitor.

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  5. Concordo com o William, também fui monitor da Estaçõ Ciência e além de abservar o que ele relatou também vejo que a distância entre os museus e as escolas se dá pelo preparo do professor (o objetivo que ele tem em relação ao museu - passeio, divertimento ou educação) e, também, que os museus estão virando um meio de divertimento e passa-tempo, pois alguns estão sendo administrados por não-educadores e com isso tomam atitudes que prejudica a visitação e o distanciamento fica maior, por exemplo, um museu de ciências em que não tenha um monitor acompanhando o grupo e consequentemente apresentando a exposição e discorrendo sobre a ciência ali depositada.
    Acredito que para melhorar, diminuir essa distâmcia, temos que ter professores melhores preparados (um sistema educacional melhor) e que os museus tenham um grupo pedagógico qualificado e competente que trabalhe para que as exposições sejão sempre atuais e que monitore a visitação das escolas.

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  6. Antes de iniciar meu comentário, quero agradecer a todos que estão contribuindo para a discussão.

    Eu já imaginava o que eu li nos comentários da Rafaela, do Fábio e do Wiliam. Realmente, os museus estão virando um parque de diversões e os alunos não são estimulados a ter uma reflexão.

    Gostaria de propor partirmos da seguinte situação, um professor chega com os alunos da escola, simplesmente para uma visita.

    Como os monitores devem proceder, para que a visita ocorra com um pouco de aprendizado, ou simplesmente cative a curiosidade dos visitantes o bastante para que eles tenham vontade de pesquisar akgum assunto relacionado a visita?

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  8. Daniel-graduando em física na USP.
    Tempo de Museu: 3 anos.
    Realmente...
    Precisamos fazer uma pesquisa na qual possamos identificar o público dos museus de ciencia.Qual o intuito deles?São movidos a curiosidade?Só vão porque são obrigados pela escola?E uma pergunta que aqui cabe muito bem..qual a função de um museu de ciencias enquanto local não formal de educação?
    Um museu é muito mais do que um simples elo entre a universidade e o público em geral e por tanto, este dialogo só pode se dar por meio de um educador que conheça o museu e o seu público frequente...

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